quinta-feira, 14 de julho de 2011

Não é uma boa ser bom aluno

Tem que ter escola para todos (?)

Aviso vou provocar, aliás, cada dia mais compreendo ser essa minha vocação, provocador. Se for enveredar para expor-me pela escrita, o farei como já li de Ivan Lessa, da seguinte forma “alguém que escreve deve tratar a tudo e todos a tapas e pontapés...”. Num mundo de politicagem correta e patrulhamento constante, sei que será um perigo e incômodo.

Trabalho e vivo da educação formal desde 1989. Já se vai algum tempo e isto me credencia a fazer alguns juízos de valor, mesmo que você, caro leitor, não concorde, para isso pode usar os comentários abaixo, desde que dentro da ordem e decência, não se esquecendo do uso correto da norma culta da língua, sem a qual eu não tomarei conhecimento do que você escreverá.

Como disse, estou na educação desde 1989. Algo tem me incomodado nas escolas por onde andei. Há uma excessiva preocupação com os alunos que apresentam dificuldades no processo de aprendizagem, entendo e apoio que é necessário, sim, a inclusão de todos no processo educacional. Há também uma preocupação excessiva com alunos problemáticos em termos disciplinares, cujas razões são as mais variadas possíveis e imagináveis. Digo excessiva, pois o que observo continuamente é que essa preocupação tem sido em detrimento dos alunos que apresentam bom rendimento e comportamento. Em suma, a escola brasileira se preparou para o aluno-problema e não sabe o que fazer com o bom aluno. Em outras palavras, ser bom aluno, na maioria das escolas, não é sinônimo de ser bem aceito pelo grupo, onde por vezes reina a mediocridade.

Chama-me a atenção o fato que ter bom rendimento, aprender e se desenvolver academicamente é algo mal visto e pouco encorajado. Quando um aluno se destaca e se desenvolve, o mesmo torna-se alvo dos “populares”. Pior, se grita pedindo socorro, seja aos pais, seja para a escola, torna-se o “dedo-duro” e, na maioria dos casos, ele sai perdendo e muda de escola. Pergunto: quem venceu?

Acompanhei dois casos que me foram marcantes, uma menina que não apenas sofreu o bullying na escola como também via internet e a mãe ao invés de pegar todas as provas documentadas na net, via MSN e Orkut (uma antiga rede social usada tempos atrás), confrontar a escolar exigir uma postura, preferiu tirar a filha e colocá-la em outra instituição. A agressora continua alegre, feliz, contente e “popular” na escola antiga.

Outro caso presenciei com dois rapazes, as diferenças entre eles vieram para dentro da escola e explodiram durante uma aula. Resultado, o lado bom saiu da escola, o lado ruim eu tive que aturar até o final daquele ano letivo. Sou radical nessas horas, bullying tem que ser cortado na carne, depois a gente faz uma plástica para ajeitar a cicatriz deixada.

Ainda, entendo que é difícil admitir para todos (escola, alunos, pais e professores) que não há homogeneidade na educação. Aliás, entendo que a escola não educa, ela instrui, quem educa, em tese, são os pais e aí é outra história. Tem que ter escola para todos, mas temos que entender que nem todas as escolas são para todos. Se você me leu até aqui é por que faz parte daquela minoria de alunos seres humanos leitores, coisa rara hoje em dia. Você tem uma grande vantagem sobre os demais da espécie, USE-A!

2 comentários:

Luiza FB disse...

Concordo plenamente! Adorei o texto. Agora serei uma leitora assídua do blog. Se tiver paciência, dê uma olhada no meu: http://atabelaperiodica.blogspot.com/

Thanks!

Camila Modanez disse...

Muito bom o Texto Edu, concordo em número, gênero e grau! E sim, ganhou mais uma leitora para seu Blog! Abraço!